Acontece na próxima quinta-feira, dia 06 de abril, em Caçapava do Sul, um encontro binacional que aborda temas históricos comuns a RS e Uruguai, intitulado Charlas -doble chapas.

Acontece na próxima quinta-feira, dia 06 de abril, em Caçapava do Sul, um encontro binacional que aborda temas históricos comuns a RS e Uruguai, intitulado Charlas -doble chapas. A mesa-redonda contará com a participação de um dos principais historiadores do Uruguai, Oscar Padrón Favre e dos jornalistas e pesquisadores Euclides Torres e João Alberto D.Santos.

Trata-se do terceiro encontro binacional da série organizada pelo Projeto Simplicio - Literatura, Memória e Identidade, que será no Auditório do Instituto Dinarte de Educação, a partir das 19h e tem entrada franca.

No formato mesa redonda - e próximo da informalidade de uma conversa charla - o encontro abrange temas da formação histórica do RS e do Uruguai, com destaque para episódios que, no período da chamada Revolução Farroupilha (1835 - 1845), tiveram Caçapava como referência e cenário principal. Um deles completa, em abril, 180 anos e teve como protagonistas dois personagens centrais nos estudos, pesquisas (e livros) dos convidados Padrón Favre e Euclides Torres.

 

Encontro de caudilhos

 

Segundo os organizadores, não houve planejamento - mas, por uma feliz coincidência, as Conversas Charlas doble chapas acontecem exatamente no mês em que se completam 180 anos do principal episódio que liga a cidade à história uruguaia. Foi logo após a tomada da então Vila de Caçapava pelos farrapos, nos primeiros dias de abril de 1837, que se encontraram os caudilhos Fructuoso Rivera, primeiro presidente do Uruguai, e Bento Manoel Ribeiro, comandante militar que ajudou a definir os rumos da guerra civil com suas constantes (quatro, ao final) trocas de lado. Pelos apontamentos disponíveis, é provável que o encontro tenha ocorrido no prédio que logo adiante seria conhecido como Casa dos Ministérios (1). No caso, Bento Manoel (1783 - 1855) recém havia abandonado os legalistas. Além de unir-se aos "rebeldes", o caudilho tratou de prender o presidente da província, Antero Ferreira de Brito e usá-lo como "moeda de troca" para garantir a libertação do amigo-sócio-financiador Fructuoso Rivera (1784-1854) que, da prisão em Porto Alegre, seguiu direto para Caçapava.

 

Todos estes dados constam no capítulo "Artimanhas do caudilho" , sétimo dos dez que compõem as 312 páginas de "Bento Manoel Ribeiro O CAUDILHO MALDITO" , livro lançado no final do ano passado por Euclides Torres. Caberá ao convidado uruguaio apresentar mais informações sobre a passagem de Rivera por Caçapava. A trajetória do caudilho é tema mais que familiar a Oscar Padrón Favre, diretor de museus do Departamento de Durazno, centro da atuação do primeiro presidente uruguaio. Rivera chegou inclusive a projetar a transferência da capital para Durazno e, na prática, comandou o país desde a cidade no seu segundo mandato (1839 a 1842). Mais especificamente desde sua residência-fortaleza , sede hoje do Museu Casa de Rivera, organizado (em 1992) e dirigido por Padrón Favre.

 

Casa dos Ministérios

No período em que Caçapava foi capital da República Riograndense (de janeiro de 1839 a maio de 1840), o prédio, propriedade do múltiplo ministro José Pinheiro de Ulhôa Cintra, foi sede dos ministérios. Daí o nome com que é conhecido até hoje. Abrigou também, no mesmo período, as oficinas do jornal O Povo, órgão oficial do governo republicano.

 

 

 

Data de publicação: 03/04/2017